sábado, 17 de dezembro de 2011

Fui pro spa e pirei na batatinha (pena que não era frita!)

Imagino a cena assim: eu já estava ali, na fila pra nascer, quando Deus olhou pra mim e disse, de sopetão:

-- Ah, pra essa aí... que presente eu vou dar? Ela vai ser... deixa eu ver... rica? Linda? Um gênio da música? Da literatura? Não... ela vai ser... hum... já sei! MAGRA!

Assim sendo, imagine você o susto que tomei quando o "garçon" do hotelzinho simpático que eu pensava estar, nas montanhas, me serviu o almoço:


-- Você pode por favor me trazer umas torradas?

-- Não. Só às seis horas.

Chocada, comecei a cair na real: qual o único lugar do mundo inteiro que o cliente pede uma torrada para o garçon e ele diz que não?

Num spa. E quem é que disse que prato colorido é a coisa mais legal do mundo? Prefiro um tricolor, que vem com feijoada, arroz e couve. Sim, eu mesma não sei como, mas o fato é que caí no conto do vigário e fui parar em um spa, quando imaginava estar indo para um hotel-fazenda. E foi lá que tive uma pálida ideia do que é a gente ser meio doido e tentar convencer alguém de que é normal:

-- Eu não estou de dieeeeeeeeeta !!!!!!!!!!!!! Me dá uma comidinha aí pelo amor de Deus !!!!!!!!

E os funcionários te olham, com uma mistura de riso e pena nos olhos, e dizem, simplesmente:

-- Não posso.

-- Mas olha como eu sou magra! Você acha que eu preciso emagrecer?! Estou aqui só pra acompanhar meu marido!!! Eu PRECISO de um carboidrato e de uma colher de açúcar no meu chá, antes que eu tenha um treco!!! (Aliás, não tem aí um café com leite não?).

Mas não há argumento que dê jeito na situação, e o quadro surreal faz a gente pensar em coisa pior: será que eles têm camisa-de-força para os clientes mais rebeldes?

Apelei para a gerente.

-- Querida, presta atenção, porque ninguém aqui me escuta. Se eu emagrecer, desapareço. Só estou aqui para "viver a experiência", que foi o que o meu marido (gorducho, diga-se de passagem), me disse. Preciso comer comida de verdade, senão passo mal e desmaio. Sou jornalista. Isso aqui é só um "laboratório", saca?

-- Lamento, mas aqui só temos um cardápio.

-- Ok, e o que é que vocês, funcionários (alguns bem gordinhos, inclusive), comem?

-- Comida normal.

-- Tô dentro. Faz um pratinho pra mim que eu como com vocês lá na cozinha.

E finalmente, quando chegou o jantar...


Quer achar alface uma delícia? Coma um pepino antes. Desanimada depois da janta, meu marido tentou me animar e perguntou, de chofre:

-- Olha! Temos um calendário de atividades! Vamos nos divertir um pouco! Será que tem partida de peteca?

E eu:

-- Às seis temos uma torrada pra comer!!

A primeira noite foi mal-dormida, mas acordei desesperada pelo café da manhã. No refeitório, cadê o café com leite? Cadê o pão com manteiga? Só quem deu as caras foi um copo de suco verde, aquele que te dá uma dor de barriga da-que-las TODAS AS MANHÃS, mas pelo menos faz com que a sua pança vá cantar em outra freguesia.

No spa é o seguinte: todo mundo demonstra uma animação muito grande, todo mundo faz mil atividades, tira fotografia, coisa e tal... mas quando toca o sino que anuncia a vitamina, é um Deus-nos-acuda desgraçado, sai todo mundo correndo, inclusive eu. E o que dizer do "energético", um copinho daqueles de cachaça com uma mistura de limão, gengibre, guaraná em pó e sei lá mais o quê, que eu, em sã consciência, na minha vida normal, JAMAIS tomaria... mas aqui, onde a gente até finge que está com a pressão baixa só pra faturar duas azeitonas, na hora do energético é uma felicidade geral, e o povo faz até fila pra pegar o seu.

O caso é que ninguém me convence que os hóspedes estão mesmo curtindo adoidado as férias saudáveis. Só o chato do meu marido é que acha tudo um barato, mas ele é ponto fora da curva porque nasceu em Marte.

O fato é que, com menos de 24 horas hospedada num hospital disfarçado de spa, eu já estava quase precisando mesmo era de um hospício, e tratei de
procurar o telefone mais próximo (porque nem o celular funciona lá no meio daquele mato) pra pedir socorro ao meu amigo de todas as horas, o velho Migliaccio, fiel e incansável defensor das pizzas, feijoadas e cachorros-quentes... mas eis que meu marido, o gorducho-saudável que veio de Marte, me pegou em flagrante:


Para manter a perfeita paz conjugal, ele tratou de correr comigo para a padaria mais próxima, onde mandei ver num chocolate cremoso com um francês caprichado na manteiga. Pasmem! E não é que minha cara-metade ficou só olhando e não comeu nadica de nada?!

Então, depois de mandar brasa, voltei para o jantar natureba, feliz da vida com a barriga saliente... e forrada. E dá-lhe na caminhada, debaixo de chuva mesmo, que é pra queimar as calorias do lanche e o peso na consciência... porque não é que a gente acaba entrando numa de que precisa mesmo emagrecer???

9 comentários:

  1. Caio Melo - PON
    Venho aqui para dar os parabéns sobre a qualidade das reportagens e a abordagem do blog, mas estou ansioso pra saber quando será publicada a entrevista com o Comandante Uchôa?
    Att.

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  2. Oi, Caio! Obrigada pela visita e pelo elogio. A entrevista com o Uchôa vai sair em breve... aguaaaaaarde! E volte sempre!

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  3. É muito fácil fazer dieta. Basta diminuir ou cancelar o doce e comer nas refeições - tipo uma colherada de cada coisa, qualquer coisa. Cancelar refrigerante inocente, que é o vilão maior. Um pouco mais difícil é decidir fazer. Eu por exemplo, parei de fumar e engordei. Agora, estou começando a emagrecer sem sair de casa. Andar, caminhar,... é necessário pra tudo. Isto, não estou conseguindo fazer - mas vou conseguir.

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  4. Conheço um cara que fugiu de um spa desses pra comer um croquete na Casa do Alemão e voltou. Trouxe seis pra viagem e fez tráfico de croquetes dentro da instituição. Pagou sua estada com a grana arrecadada e ainda sobrou pra comer um joelho na volta pro Rio. Seu texto está ótimo!

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  5. Fernanda,se a gente levar a dieta a sério mesmo,com o passar do tempo nem sentimos falta de outras iguarias,eu por exemplo só mando a dieta para o espaço em datas especiais, tipo natal,fim de ano,meu aniversário e etc.
    Mas vc já é magra sem precisar fazer nem um sacrifício,isso é maravilhoso! Bjs.

    Monica.

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  6. Mauro Pires de Amorim.
    Essa foi boa, parece aquela música, "entrei de gaiato num navio...". (Muitos risos). Felicidades e boas energias.

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  7. Kkkklkllllkkkkkkllllllllkkkkkkl
    fiz xixi de tanto rir!!!!!
    Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    cida moura

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  8. Podia contar o nome do spa? Tô querendo é ir pra este... Nome e endereço por favor?? Sério mesmo..

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