sexta-feira, 2 de março de 2012

A carroça vai andando e as melancias vão se ajeitando

Mais espantada fiquei diante da confissão de Marcelo Crivella após o convite para o Ministério da Pesca, do que diante do próprio convite!
O senador, no que para muita gente pode ter sido um gesto de humildade, admitiu ter que aprender muito em sua nova função...

Agora, quem vai confessar sou eu: longe de mim querer julgar, mas já julgando, achei um absurdo a nomeação de fins eleitoreiros, mas o absurdo maior é o senador ter aceito o cargo. Um cargo do qual ele entende patavinas, assumidamente... e olha que não estamos falando de coisa sem importância, mas de um ministério...

Chegamos ao ponto. Neste post, Crivella estréia como exemplo de um costume muito arraigado aqui nas nossas terras, que é “meter a cara” e sair fazendo as coisas, mesmo sem o preparo necessário ao desafio. Uma atitude que tem tudo a ver com o “jeitinho brasileiro”, que empurra a situação com a barriga e vai levando, porque como diz o dito popular, “a carroça vai andando e as melancias vão se ajeitando”.

Vejo esta postura em todos os lugares: nas repartições públicas, nas agências bancárias, nas redações dos jornais, na televisão, no cinema, nas faculdades... quanta gente despreparada em ação, atuando em cargos ou posições para os quais não têm talento ou competência... mas está lá, num teatro diário, escondendo de si mesma suas incapacidades e tirando a maior onda de sabichona diante do mundo inteiro.

Foi assim que um médico famoso chamou minha irmã de “fresca” e mandou-a para casa, afinal de contas ela reclamava de dores “irreais”: meses depois, o câncer já estava tão grande que não teve solução.

As aparências valem tanto em nossa sociedade que, se você admite um ponto fraco, um “gap”, como dizem os executivos, se admite uma insegurança ou falta de talento, é visto como fraco, perdedor, covarde. A palavra “desafio” caiu na boca do povo como se, para quebrar barreiras, bastasse apenas a inconseqüência para topar qualquer parada. Se você recusa um “desafio” por não se ver apto, certamente será chamado de bobo por todos os seus amigos. Já não podemos ser simplesmente humanos e assumir nossos limites, porque o que se espera de nós é que estejamos preparados para o que der e vier: temos que ser super-heróis. Ou, em última análise, ter uma tremenda cara-de-pau.


Ziraldo é mestre: não é assim mesmo que somos no amor?

11 comentários:

  1. Mauro Pires de Amorim.
    É isso aí, as pessoas se arvoram em "especialistas" e usam os que as procuram como cobaias de sua falta de entendimento, preparo e formação, ou pior, fazem de propósito mesmo, visando auferir alguma vantagem ou lucro diante da situação.
    Ética, ou caráter e consciência, virou mais um produto de marketing e consequentemente, mais uma marca a ser vendida e só. Uma estamparia em forma de nomenclatura, usada apenas para embelezamento e ostentação.
    A situação em nosso país está em franco declínio. Inclusive, em outra ocasião, referente a outro texto seu, cheguei a mencionar que nossa sociedade está involuíndo. Será que Hollywood possuí poderes paranormais capazes de preverem o futuro? Percebo nitidamente que caminhamos para o Planeta dos Macacos. Não literalmente no sentido da produção cinematográfica, mas sim, no sentido da música dos Titãs, que diz: "Homem primata, capitalismo selvagem!".
    Felicidades e boas energias.

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  2. Fernanda,veja bem: Uma manda "relaxar e gozar" outro chega na TV,fala que "não sabe o que um deputado faz," agora o Ministro Crivella fala,"colocar a minhoca no anzol a gente aprende."(Sem generalizar) vamos combinar,com esse linguajar fica muito difícil,a gente acreditar num futuro melhor para o nosso País... Bjs.

    Monica.

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  3. Mauro, adorei sua teoria sobre o Planeta dos Macacos... acho que é pra lá mesmo que estamos indo! Monica, concordo plenamente com você. Abraços!

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  4. Quanto à questão política, queriDannemann, faço minhas as definitivas e sábias palavras do grande Eça de Queiroz: "Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo".

    Quanto à incompetência e despreparo que observamos nas várias instâncias_dos mais baixos aos mais altos cargos e salários, com raras e honrosas exeções_ não passam de pura consequência da baixa qualidade de ensino. É fato que em alguns casos, por terem aprendido errado, professores estão ensinando errado. E o pior: sem estímulo algum, levando-se em conta os aviltantes salários, escolas quase ou em "pandarecos" ,e a quase absoluta falta de educação dos alunos(sem contar as eventuais cenas de violência explícita...cruzes!!!). Aí não sei se a porca torce o rabo ou se o rabo torce a porca...Nestas inacreditáveis condições, nem as "melancias" , a curto prazo, conseguirão acomodar-se.

    Concordo com o Mauro Amorim e do jeito estúpido que a "que coisa horrorosa!" vai, o retrocesso à barbárie está , mesmo, por um triz. Na falta de perspectiva melhor, conto com um (im)possível milagre, ou torço para que Deus seja, de fato, brasileiro e se apiede de nós, fazendo sua "jogada celesltial aos 33 minutos
    do segundo tempo", salvando-nos, pois.

    Neste pandemônio de quase aboluta mediocrização e infantilização da sociedade, subjaz o consenso de Washington, com sua estapafúrdia idéia neoliberal _este imbecil pensamento único_ de que todos podem tudo, através da sua máxima: WE CAN. We quem, cara-pálida? A próva irrefutável desta estultice ou cinismo?! é a evidente crise yankee e/ou mundial.

    Quem possui um mínimo senso de observação não duvida de que tudo, na natureza, é somente diferença. Além disto, cada "serhumano" possui aptidões, habilidades e especificidades distintas. Como a maioria é massa de manobra e não possui capacidade de reflexão (reflexo, muitos ainda têm rsrs...), acaba caindo no conto do vigário (sou antiquíssimo rsrs) e se mete a fazer qualquer coisa, seja do jeito que for. Afinal, basta força de vontade e competição insana, de acordo com a cartilha ou com a (falta de) lógica do Tio Sam. Se nossa própria vida é limitada, não só na estatura, cor de pele, tipo sanguíneo, sexo, sexualidade, (faslta de)atributos físicos, etc, inclusive com prazo de validade...quem não conhece e respeita seus limites, torna-se, invevitavelmnte, mais um incompetente, insensato e inconsequente servidor passivo do cruel, ultra-competitivo, predador massacrante , desvairado e infeliz capitalismo neoliberal (CAPETAlismo?!).

    Como a vida é pura diversidade, talvez um mix de capitalismo e socialismo e outros ismos,,,trouxesse menos infelicidade, inquietação e ansiedade e, como desdobramento, menos drogas e violência.

    Santé, axé e energias benfazejas.
    Abraço forte.
    Marcos Lúcio

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  5. Um ministro da pesca não precisa pescar, precisa administrar verbas e programas de incentivo à atividade pesqueira. Crivella foi ingênuo e a imprensa, como sempre, aproveitou para denegrir o governo. Já disse que você anda lendo muito o jornal que tem nome de biscoito de praia... mas mesmo assim eu gosto de você. Beijo

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  6. Pois é Fernanda: Impressionante também são as lágrimas da Dilma, de jacaré, a mando do Lula confessando questões partidárias para demitir um e botar outro. Com certeza nenhum deles sabe mesmo botar minhoca no anzol, então não faz diferença. De pato a ganso, nenhum avanço. Não há coisa mais insuportável do que choro mentiroso, mudando a meu ver, as verdades sobre as tais torturas que foram sofridas.

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  7. Mauro Pires de Amorim.
    Nossos partidos políticos e políticos, com raras exceções, são balcões de negócios e negociantes em pleno exercício de sua função principal, que vem a ser
    a conquista do poder para exercê-lo ou negocia-lo em proveito próprio. Por isso é que há tanta luta, inveja e ciúme pelos cargos de nomeação política.
    Enquanto isso, nós os simples cidadãos, continuamos via sistema tributário, sustentando o Estado. Afinal, a justificativa da existência do sistema tributário é essa, uma vez que é uma das únicas, se não for a única fonte de arrecadação e sustentação financeira do Estado.
    Não estou pregando revolução, golpe ou ruptura no sistema de acesso político-institucional ao poder no Estado que burle o sistema legalmente estabelecido atualmente. Só que, para isso, é preciso que tenhamos partidos políticos e políticos mais éticos, com melhores caráters e consciências, que realmente estejam dispostos a fazerem nossa democracia, cidadania e Estado Democrático de Direito evoluírem historicamente.
    Já perceberam como todas as revoltas, rupturas e tentativas de rupturas de sistemas político-institucionais na história da humanidade, mesmo na época antiga, as da Era do Iluminismo e que culminaram com a formação do Estado Moderno, que serviu de base para nosso sistema de Estado Contemporâneo, tiveram como fator de eclosão a sobrecarga percentual de incidência tributária sobre os modelos econômicos de todas essas sociedades e consequentemente, também ocasionaram sobre os povos que nelas viviam uma pressão empobrecedora e de queda do padrão de vida?
    No meio tributarista, isso é chamado de capacidade contributiva e Estado ou governante assambarcador, vorazmente obessivo em arrecadar, que não preocupar-se com a importância sócio-econômica do produto aliquotado, nem com a incidência percentual que o sistema tributário vai ter na vida do cidadão, é déspota, usurpador, notadamente, quando seu povo ou cidadãos recolhem uma incidência percentual elevada, num nível bem próximo de países do 1º mundo, como é o caso do Brasil e recebem de volta, prestações de serviços Estatais pétreos e relevantes para a evolução histórica da cidadania, de 10º mundo. Obrigando os que são mais abastados financeiramente, a terem que recorrer à iniciativa privada para terem o minímimo do serviço relevante que é obrigação e justificativa da existência do Estado Democrático de Direito. Fazendo portanto, com que paguem duas vezes por serviços essenciais e referenciais da cidadania. Quanto os menos abastados financeiramente, esses ficam subjulgados em sua cidadania pétrea e garantidora do Estado Democrático de Direito. Que tamnha tirania e crueldade!
    Todos nós sabemos para onde nosso dinheiro arrecadado vai e para que ele serve. É por isso que Darcy Ribeiro em seu livro, "O Brasil como Problema", diz que nosso país e sistema de poder político é uma "máquina de moer gente", no sentido que, conforme o tempo passa e as gerações se sucedem, nada muda relevantemente na mentalidade da maioria dos que exercem os poderes, sendo as gerações de cidadãos moídas ao longo da história.
    Direitos não são favores, são garantias, com isso, temos que cobrar democraticamente a mudança de postura, exercendo nossa cidadania nos termos da lei. A violência não é boa, só abre precedente para que usem violência contra, numa justificativa de legítima defesa, cumprimento do dever legal e medição de forças. O Estado, ainda que seja cínico, não tolera ter que assumir publicamente que existe alguém mais forte que ele, afinal, faz parte de sua representação de marketing posar de legímo representante do povo. E já que esse é seu papel predileto, façamos que realente seja, pressionando-os para que cumpram nossa revindicação.
    Felicidades e boas energias.

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  8. Mauro Pires de Amorim.
    Prezada Fernanda, acabei de enviar mais um comentário para você e como em meu texto original acabei suplantando o número de caracteres máximos permitidos por seu editor de texto, tive que adequar meu comentário ao limite numeral permitido. Portanto, minha correção ortográfica foi falha, já que além dessa, tive que sucintar o comentário, exigindo essa dupla atenção.
    Com isso, lembro-me de memória, que cometí um erro ortográfico. Não lembro exatamente o parágrafo, muito menos a linha deste, mas lembro-me que escreví "assambarcamento" enquanto que o correto é "açambarcamento". Caso hajam outros erros ortográficos, desde já desculpo-me e conto com a compreensão de todos que forem ler.
    Mais uma vez, sinceros desejos de felicidades e boas energias.

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    1. Caso haja outros erros, e não "hajam".

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    2. Rubens,agradeço a correção, mas por favor, me diga onde está esta frase porque eu mesma não sei. Lamento apenas que seu primeiro comentário aqui no blog tenha sido para isso. Quem sabe um dia você volta, e por outras razões? Vou esperar. Abraço.

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  9. Ministro precisa ser convidado a ministrar e não ficar de alpinismo barato, partidário, grosseiro, gritando desesperado: __Eu ti amo Dilma! Pescar, pecar, pregar, trepar, topar, etc. Não vai adiantar o já morto atual governo de insensibilidades. O impressionante Brasil, quando não tem governo, animação, mesmo que fanfarrosa, anda sozinho e é simples de explicar: O Brasil nunca teve governo de subsídios como tem por exemplo o EUA.

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