segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Um Rio como você nunca viu

Diretamente do céu...

Genilson Araújo

Genilson Araújo
 
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Genilson Araújo

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Genilson Araújo


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Boa dica


"Viva simplesmente;

ame generosamente;

importe-se profundamente;

fale gentilmente...

e deixe o resto para Deus".

 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Reis e súditos de nós mesmos

Minha amiga se queixa:

-- Tempo é uma questão de prioridade.
Concordo com ela. A gente se lamenta, no corre-corre da vida, que não tem tempo pra nada, mas a verdade é que sempre encontramos tempo para encaixar, nos minutos preciosos da agenda apertada, aquelas coisas que realmente queremos fazer, as pessoas que realmente queremos ver e até as obrigações que achamos um saco, mas que de alguma forma valorizamos, por razões de custo-benefício.

E é aí que está o pulo do gato: impreterivelmente encontramos tempo para o que valorizamos realmente.
Mas é assim mesmo, através de uma escala de valores que nem sempre corresponde à nossa própria realidade interior, que corremos o risco de deixar passar grandes oportunidades na vida, inclusive a oportunidade de crescer.

O segredo pode estar aí: “crescer” tem vários sentidos; crescer cronologicamente, profissionalmente, pessoalmente, afetivamente... e mais o quê?
O lance é que as variantes não acontecem ao mesmo tempo, afinal nem todo mundo consegue deixar de ser aquela criança faminta que berra pedindo a mamadeira. Tem gente que chega aos 80 sem jamais entrar na vida adulta; outros ganham muita grana e nunca amadurecem para as parcerias na vida; há também aqueles que nascem quase prontos para a formatura da faculdade, mas não encontram o caminho da realização interna. Tem gente de todo tipo por aí. E qual o meu tipo? Qual o seu?
Taí uma pergunta que só a maturidade pode responder. Mas “maturidade” não se compra nem no consultório do psicanalista, é um bônus que a vida nos dá e somente com uma condição: a de tirarmos os olhos das nossas próprias necessidades, querências, desejos, planos e projetos mirabolantes. Simplesmente não há como uma pessoa “amadurecer” se não for despindo-se um pouco de si, tirando a roupa velha de “si mesmo” e provando outros modelos. Experimente tentar entrar em uma camisa dois números menor, aquela que não te cabe nem com a tal dieta Detox, mas que pode vir na forma de colocar-se no lugar daquele homem que você viu hoje, espremido dentro de um ônibus lotado no engarrafamento; ou daquela mulher que apareceu no Jornal Nacional, na fila do hospital público com o filho doente há dias e sem médico, sem remédio, sem diagnóstico e sem esperança. Imagine você que eles usam esta tal “camisa apertada” todos os dias. Já pensou?

Não se trata de comparar a sua vida com a de alguém em piores condições para sentir-se um sortudo não, mas de olhar ao redor para ter a real noção do quanto você é agraciado e talvez não se dê conta; do quanto tem gente feliz com uma vida que jamais lhe serviria... e muitas vezes você se sente sacaneado pelo destino.

Sabe, conheço "uma pá de gente" que não sabe pra que é que está no mundo:

-- Então a vida é isto? Nascer, crescer, ter um emprego, filhos, comprar casa, juntar dinheiro, aposentar e morrer?

Fico pensando... na tentativa de suprir este vazio, uns tentam encher a cofre, outros consomem e enchem o armário ou a garagem, outros se entopem de comida, bebida ou cigarros... há até os que colecionam parceiros amorosos ou missas na igreja. E o danado do vazio continua lá, vaziozinho da silva.

Tá bom, você vai dizer que estou sendo brega com este papo batido. Pode até ser que tenha razão, mas as coisas mais reais da vida em geral são bregas mesmo, ou você ainda não sacou?
Minha amiga continua:

-- O que mais vale para as pessoas não é o dinheiro não, porque dinheiro é fácil a gente dar e se livrar do problema. Todo mundo paga pra ficar sossegado, até quem não tem 1 centavo. O que as pessoas não dão é o tempo que elas têm.

Fico pensando no quanto ela tem razão, no quanto nos custa doar o tempo livre do domingo, o nosso fim de tarde, as noites de sono. E doar para quem necessita, que é o que mais há por aí, nem precisamos correr pra um asilo, um orfanato, um hospital... nas famílias perfeitas que gostamos de ostentar no Facebook, certamente tem gente precisando de atenção, mas estamos sem tempo pra ver. Entre os amigos mais chegados, idem.
Não, não é necessário ostentar o título de "voluntário"em algum trabalho assistencial. Sabe aquela sua amiga chata do trabalho, que vive reclamando de doença ou do marido autoritário? Pois é... cinco minutos de um papo com ela já podem fazer diferença, e seu braço não vai cair por causa disso.
Quanta coisa incrível a gente perde neste egoísmo, que tratamos com o mesmo luxo com que se trata um filho único e cheio de vontades, daqueles que botamos no mundo só pra estragar! Preocupados em satisfazer as próprias e infindas necessidades, em matar a nossa própria fome que não se sacia, vamos nos distanciando dos professores que poderiam nos ensinar sobre o valor real da vida. Os professores que estão por toda parte, na portaria do prédio, na esquina, no bar onde compramos cigarros, no trânsito, no dia a dia, na cozinha de casa e até na mesma cama.

Mas não há tempo nem prioridades outras neste mundo individual onde somos reis e súditos de nós mesmos, pagando tributos sem fim a estes milhões de vermes, que na forma de um ego faminto, nos devora sem que estejamos mortos.

 
Às vezes a simples presença de alguém pode fazer toda a diferença

domingo, 10 de novembro de 2013

Churrasco na laje, atração carioca

Para o turista que realmente quer conhecer o espírito carioca, não basta ver Fla-Flu no Maracanã, tomar água de coco na praia, passear por Ipanema, voar da asa delta em São Conrado ou ter sua carteira roubada no carnaval.

Nas comunidades do Rio, o churrasquinho na laje é um evento carioquíssimo. Como bem pude constatar na tarde de domingo, não muito confortável, é bem verdade... mas nada que uma caipirinha caprichada no gelo não dê um jeito de amenizar, e lá pelas tantas a gente ri de tudo, cai no samba e, comer, que é bom... vai depender da rapidez individual na hora de encher o prato.

Eu seria capaz de jurar que o estrangeiro nunca desfrutou de evento igual, a começar pela churrasqueira, quase dentro de casa. Dá-lhe batata e pão pra compensar a carne, que nem sempre é lá grande coisa ou dá pra todo mundo...

 
O pãozinho francês cheio de alho, bem ali ao lado...

 
Mais carne...


                          Ventilador é indispensável (pra amenizar o calor e afastar a fumaceira!)


         Caixa de som também, é claro... e manda funk nas ideias! (Levar um analgésico é sempre bom).


 A sobremesa é banana assada com canela e açúcar... verdadeira delícia, apesar da aparência esquisita


                                                 O churrasqueiro é sempre uma atração...


E a vista é de impressionar!

 
Mas para quem tem curiosidade a respeito do verdadeiro churrasco carioca, sugiro ler, abaixo, o comentário do Marcos Lúcio, leitor e pitaqueiro do blog, como sempre fidelíssimo à realidade

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Era uma vez uma urbanoide no camping...

Cheguei em casa e anunciei, eufórica:

-- Vou acampar no pé do Pico da Bandeira e ver o sol nascer lá de cima!
Minha mãe riu, minhas irmãs avisaram que era roubada.

-- Fernanda, isso não é programa pra uma urbanoide como você.
Mas sempre fui uma urbanoide teimosa e aventureira, e de nada adiantaram os avisos.

Muitos anos depois, minha enteada, na flor da idade, vem me dar a boa notícia:
-- Vou acampar nas férias!

Eu não quis ser estraga-prazeres, mas foi inevitável... e pus-me logo a contar sobre aquela experiência antropológica de tanto tempo atrás. A única vez em que caí na esparrela de ir passar um feriadão no meio do mato das Gerais, pra curtir a natureza bem de pertinho.
Como era a minha primeira vez e eu estava achando o máximo, fui em grande estilo. Levei um saco de dormir maravilhoso, fofo e quente, que peguei emprestado com uma amiga, o casacão de couro forrado do meu pai e uma mochila que o grupo todo, formado por exatas 24 pessoas experientes em acampamento, achou grande demais. Na verdade era uma mala... mas como eu poderia levar meu travesseiro, meu roupão rosa choque que ia até os pés, meu livro, meu rádio de pilhas (grande) e minha nécessaire cheia de cremes e maquiagens numa reles mochilinha?

Chegamos ao nosso destino às dez da noite. Tudo escuuuuro... e fomos montar a barraca onde eu dormiria com mais duas amigas. Já achei um saco logo de cara. Montar barraca?! Ai que preguiça! Ao lado da minha cama, digo, meu saco de dormir, botei a tal necessaire cheia de cremes, fazendo a vez de criado-mudo. Precisei dar um ar doméstico ao ambiente pra combater a sensação de estar no meio do mato total.
Barraca montada... nada pra fazer naquele fim-de-mundo. O barato era sentar perto da fogueira pra ver o céu, o que me cansou antes dos primeiros cinco minutos e fez doer o meu pescoço. Além do mais, sou míope. A turma estava curiosa a respeito dos animais que veríamos, soltinhos da silva, em seu habitat natural. Lembro de pensar que bicho, pra mim, é lindo nos documentários do Discovery. Fiquei apreensiva. E se entra um jacaré na barraca? E não me venha com esta de que não existe jacaré em Alto Caparaó, porque tudo é possível nesta vida!

Foi quando caiu a ficha e vi que eu estava finalmente acampando. Aaaaaaai meu Deus... lembrei da minha casa. Bateu a consciência: “O que é que eu tô fazendo aqui?”, e foi aí que pela primeira vez na vida tomei um Lexotan, que sempre carreguei na bolsa para uma eventual necessidade. Fui dormir pra esquecer, preocupada em ficar com vontade de fazer xixi no meio da noite. Pensei que deveria ter pedido emprestado ao meu avô o penico que ele guardava embaixo da cama para um caso de emergência noturna.

No dia seguinte acordamos cedo porque o sol bateu forte logo cedinho no “teto” da barraca azul e amarela. O dia passou lento e lindo lá no chamado “Terreirão”, muitas barracas já montadas e vários grupos diferentes confraternizando com a natureza. Tratei de fazer amizade com uns hippies e passei o dia fazendo o que mais gosto, ou seja, conversando com Deus e todo mundo. Lá pelas tantas, hora do banho! Atravessei o camping usando meu roupão rosa e carregando a nécessaire, rumo ao banheiro. Lembro da cara incrédula do povo, me vendo passar. E aí quem levou o choque fui eu: água fria, o chuveiro era um cano, não havia portas nem azulejos nas paredes... um frio desgraçado, privacidade zero, conforto nenhum! E cobra, será que tinha? Nem precisava, porque um sapo já me faria fugir dali pelada mesmo.
-- Banho gelado?! Nem morta! Só tomo banho quando chegar em casa!
Indignação total! Mas como é que não tem um banheiro decente neste camping?!. Olhei os vasos sanitários e comecei a rezar para ter uma prisão de ventre. E decidi que cocô, só em casa também. Então me deram o que seria uma boa alternativa:

-- Você pode fazer como os índios e tomar banho de rio! Pode fazer “as coisas” no meio do mato!
Até hoje não sei se era piada, mas o fato é que teve gente que preferiu esta segunda opção. De minha parte, acho que bancar o índio sem ser índio é bizarrice, mas entendo que há gosto para tudo nesta vida...

Às seis da tarde meu grupo foi dormir pra se preparar para a escalada do pico, que começaria às dez da noite.  À hora marcada, minha amiga me acordou. Abri o zíper da barraca e botei o nariz pra fora. Quase congelei e decidi que o pico que eu ia subir aquela noite era o do sono REM, pra sonhar que estava na minha cama. Minhas amigas tentaram de tudo, mas fiquei irredutível:
-- Só saio desta barraca agora se for pra voltar pra casa.

Elas riram incrédulas outra vez, enquanto tomei outro Lex. E boa noite!
Acordei cedo de novo por causa do sol. Vi as gotas de água brilhando no nylon, do lado de fora  da barraca. Fui tomar café da manhã com os hippies, que assavam pães, e soube que havia chovido a noite toda, enquanto eu dormia como uma pedra por causa do calmante. O dia passou ao sabor do pão assado na fogueirinha improvisada nas pedras, cigarros de palha e café. Foi gostoso, não posso negar. No meio da tarde meu grupo começou a chegar: todos pareciam voltar da guerra. Ensopados, enlameados, famintos, deprimidos, esgotados e frustrados. Escalaram o pico a noite toda em meio à chuva de vento e não viram nada lá de cima, só nuvens.

Esperei melhorar o astral e pus em prática meu poder de persuasão:
-- Isso aqui tá muito bom, tá ótimo, mas v´ambora daqui amanhã mesmo! O feriadão vai ser legal lá no Rio, aquela cidade maravilhosa que gente do mundo inteiro quer conhecer! Mês que vem a gente volta!

No dia seguinte voltamos cedo, a tempo de pegar o que sobrou do almoço em casa.
Minha enteada urbanoide ouviu a história toda às risadas e fez como eu, no passado: fincou o pé.

-- Vou passar uma semana inteira lá no camping! Vai ser "manero"!
E concluí, mais uma vez, que a gente só aprende mesmo nesta vida... entrando nas próprias furadas. E aí eu é que tive que rir, imaginando a pobrezinha tendo que escolher entre a moita e a privada do camping. Tadinha dela, mas fazer o quê?



Uma das companheiras de barraca, meus amigos hippies e eu!

 

sábado, 2 de novembro de 2013

Íntima


No vão das minhas pernas corre um rio;

Peixes vermelhos vão contra a correnteza

E a espuma se assemelha a uma grinalda.

 
Que não se engane o nadador desavisado:

Águas translúcidas também são caudalosas.

 
Um pouco acima, o baixo-ventre é um arvoredo

E aves raras vivem livres por ali;

Desfrutam dúbias, entre prazer e medo,

Do risco das sementes venenosas.

 
Meu corpo todo é animal, até o rio;

É tudo vivo e tudo ruge, até os peixes...

 
E nos meus seios, nos meus olhos, nos meus braços,

Tento conter a fúria que abrevio:

O que eu quero é carne tenra entre os meus dentes.



(Fernanda Dannemann)