domingo, 24 de agosto de 2014

A dor da mulher sobre a mesa da cozinha

Olha que coisa linda eu vi em Nova Iorque, recentemente: um trabalho da artista Carrie Mae Weens, cujo título é "The Kitchen Table Series", de 1990.

Eu nunca havia visto uma história contada desta maneira em um museu, foi a primeira vez: através de uma sequência de fotos! Achei sensacional. Por acaso comecei de trás para frente e de repente percebi que se tratava de um enredo... tratei de correr para o outro lado da fila e recomeçar o percurso.

A artista aliás é a própria modelo, que narra a história de conquista e abandono de forma tão sensível e verdadeira, comum a tantas mulheres que se envolvem e amam, se ferem e depois se reconstroem.

Impossível a gente não se identificar com alguma parte, com alguma cena ou situação, impossível não ver, naquelas imagens, partes da nossa própria história! Todas as mulheres do mundo, que já provaram os prazeres e as amarguras de uma paixão estão nas sombras daquelas fotografias, que contêm em si a força essencial que trazemos em nós: a força da vida e do renascimento.

O ambiente escolhido pela artista é a cozinha, nada mais natural; se é ali o ambiente essencial da mulher, é ali também que ela se refaz, se permuta, se reconstrói. E se atualiza.

Atenção para o fundo da parede, que se transforma e pontua a atmosfera, fazendo toda a diferença.

E boa viagem!


Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

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Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

Image from the Kitchen Table series

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Brincadeira de gente grande

Atendo o celular no viva-voz e meu melhor amigo diz do outro lado da linha:

-- Vamos brincar amanhã?

Terminada a conversa, quando desligo o telefone, a outra amiga, ao meu lado, pessoa daquelas que levam a vida a seriíssimo, pergunta:

-- “Vamos brincar amanhã”?! Isso é uma senha?

Fiquei com preguiça até de explicar... mas expliquei:

-- É um convite pra almoçar.

-- E isso é brincar?

Fiquei quieta. Não ia adiantar explicar que sim, que para o meu amigo e eu, um almoço com papo e risadas (e às vezes até uma discussão pra apimentar) é uma tremenda brincadeira.

Quando a gente cresce, a brincadeira se torna uma lente, um modo de enxergar o mundo... e a maioria não sabe mesmo brincar. A maioria não sabe nem rir. Não tem tempo nem vontade pra isso, porque a vida urge lá fora, e ganhar dinheiro é mais importante. Quem quer ganhar dinheiro, estudar, alcançar sucesso, ter um milhão de amigos, viajar de férias para um destino exótico e postar a vida toda no Face... não tem tempo para brincar!

E aí fiquei pensando no quanto a vida adulta se torna chata, neurótica e monocromática para tanta gente ,justamente porque a brincadeira fica para trás. As pessoas se esquecem que brincar é bom, essencial para a saúde psíquica e para a alma... além de fazer bem à convivência em geral, porque quem brinca tem mais bom humor.

Mas não: uma vez na vida cheia de compromissos, que chega cada vez mais cedo, porque nem as crianças têm mais tempo para brincar, tamanha a lista de afazeres em suas agendas... nesta vida tão cheia o brincar perde seu valor e torna-se pejorativo, descartável, símbolo de perda de tempo e de perdedores, porque os vencedores não têm tempo para brincar, estão sempre em busca de conquistar algo, de bater recordes, de subir cada vez mais alto. E olham de cima para os brincalhões, geralmente vistos como infantilizados, idiotas, imaturos, pouco confiáveis.

Tá bom, Ô Cara-pálida, mas a Internet, uma série na TV, um livro, um cinema, um jantar com amigos, uma caminhada pela cidade, uma corrida na praça ao lado do seu cachorro... tudo isso é brincadeira de adulto, ok?
Inclusive brincar com criança, o que é extremamente lúdico e faz a gente se esquecer do quanto nos tornamos adultos, e "malas", e "sérios"... do quanto perdemos a inocência e a simplicidade das coisas, a aceitação pura e simples do outro! Experimente brincar de “jogo da memória” com uma criança de quatro anos, depois de um dia estressante, e se sentirá revigorado! (Desde que esta criança, é claro, tenha tempo livre para o "jogo da memória...).

No amor, a brincadeira deveria ter seu lugar especial e garantido, porque é ela quem assegura a leveza necessária para atravessar os momentos de crise; mas o amor também virou coisa séria... pois vou te contar: rir inesperadamente durante uma discussão é um santo remédio para mudar o rumo das coisas, sabia? Manter o bom humor quando o outro está um pilha também ajuda a acalmar os ânimos... assim como fazer do parceiro o seu verdadeiro melhor amigo e, com ele, voltar a ser criança.

Inclusive o sexo é um bom exercício para isso, porque até nesta área a seriedade entrou em cena para estragar a festa, seja com a ditadura do prazer, do corpo ideal, do comportamento que se deve ter, enfim, da “etiqueta sexual” apregoada pelas revistas femininas... e a delícia da brincadeira, proveniente do afeto e da naturalidade, muitas vezes se perde, levando junto a cumplicidade do casal e o melhor do encontro. 

O brincar está em tudo, mesmo em cozinhar ou em lavar um banheiro. Basta que a gente queira, que a gente se abra para o lúdico, para a diversão que existe nas pequenas coisas do existir. Não fazer nada, olhar para o céu cheio de nuvens, ali na praça... e observar a paisagem, sentado em um banco, pode ser uma tremenda brincadeira. Só depende mesmo é de como você olha para o mundo. Aí é que está a grande diversão da vida: ela nasce no seu olhar.
 
 
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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Aos leões

Me diz um verso italiano!
Jura de amor também me serve,
Mesmo que quando, à meia-noite,
Ela se vá ao chão e ali se quebre
Por ser de encanto só, sua raiz.

Uma mentira, diz, e eu acredito!
Deixa que o espaço em si conserve
A onda eterna do sentido;
A mim já basta, ter no ouvido,
O teu dizer de amor romano.

E diz um nome a ser pronunciado
Secretamente, em lugar do teu;
Eu ouço, eu digo e avanço o passo
E na esfera desse teu abraço

Estou no Coliseu.

(Fernanda Dannemann)



sábado, 9 de agosto de 2014

As coisas boas da vida

Curtir a vida a dois...

Foto: Marcelo Migliaccio

Levar a vida no balanço...



Criar o bicho solto...

Foto: Marcelo

Curtir a natureza bem de pertinho...


Ter um arco-íris só pra você...


Vibrar de emoção com o seu time...


E ter sempre bom-humor, pra rir das pequenas coisas...


Ter poesia no dia a dia...


E olhos para a beleza da infância...


Aliás, lembrar da infância vivida também é tão bom...


Quase tão bom quanto dormir o sono dos inocentes...


Mas olha! Estar acordado, e pensando, é óóótimo!

 
E encarar desafios também não é pra qualquer um...


Ter boas surpresas...


Curtir um sol...


Ter colo de mãe...


E aquele almoço de domiiiiiingo? (Pega a Coca-cola lá na geladeira!)


Uma festa bem animada, pra rir e desenferrujar...



E um momento de sossego quando a gente menos espera, isso é que é paz!


Envelhecer...


Ter um caminho para trilhar...


De preferência, ao lado de um amigo que saiba ouvir a gente...


E de outro amigo, que seja amigo para todas as horas:


O bom da vida é fazer o que a gente gosta, né?


E o melhor de estar vivo é a esperança!