quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Frase do dia


“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.

                                                                                        (Tim Hansel)


 
 

 

domingo, 14 de setembro de 2014

Em fuga do Sr. Oportunista

Caí na esparrela de ver um filme do Jim Jarmuch, que fez um dia a pérola intitulada “Down by Law", que eu recomendo. Por outro lado, “Amantes Eternos” foi o nome da película para a qual os jornalistas especializados bateram palmas, mas que quase fez dormir a plateia inteira (lotada) do cinema.

Em sendo o filme chatérrimo, mesmo falando sobre vampiros chics, gente-fina e cultíssimos, do naipe de William Shakespeare (que acaba envenenado por sangue ruim kkkkkkk) minha cabeça voadora tratou logo de pensar no assunto da vampirada, que em tempos vorazes de consumismo e Facebook anda cada vez mais em voga.
Foi aí que lembrei da minha amiga, que se queixa do ex-marido, homem íntegro durante o casamento e que, depois da separação, botou pra fora os caninos afiados: mostrou o mau pagador que sempre foi em segredo, negando-se a pagar-lhe uma dívida antiga e ignorando também o afeto dos filhos. A decepção dói porque vem justamente de onde a gente menos espera... mas o caso é que não há palco melhor para um vampiro usurpador que uma relação amorosa, onde o afeto e o erotismo são transformados em moeda de troca e o oportunismo de um fica invisível devido aos sentimentos do outro.  

A família, aliás, berço de dilemas, culpas, ódios e amores inconfessáveis, é um terreno fértil para as relações vampirescas, sobretudo porque a liberdade que as pessoas têm umas com as outras é muito grande, o que acaba abrindo possibilidade para desentendimentos e até ofensas inesquecíveis. Viver amalgamado pode ser uma opção doentia e penosa.
Mas entre as amizades os riscos também existem, e são enormes. Inclusive naquelas amizades muito antigas e queridas. Ontem vi a seguinte cena: duas amigas se encontram, uma delas chega visivelmente irritada porque teria que trabalhar naquele sábado ensolarado. Enquanto conversa com a outra, que está com a filha, nota, no decorrer do papo, que a menina usa um piercing no nariz. A mal-humorada olha e diz, espalhafatosa:

-- Creeeeeedo! Furou o nariz com esse negócio?!
A menina ri, sem jeito, e diz que não, que o piercing é de pressão. E termina a frase quase se desculpando:

-- É só uma brincadeirinha...
Ao que a outra resonde, taxativa:

-- Você é bonita, não precisa disso! Ai, que coisa feia... nojenta!
Vi quando a menina baixou os olhos, timidamente, e seu sorriso murchou. Imaginei que o piercing deveria estar pesando dez quilos em seu nariz: era o peso do ridículo.

Entrei na conversa:
-- Pois eu acho um charme. Adoro piercing. E acho que ficou ótimo em você.

Saí dali pensando no quanto precisamos ser cuidadosos com as pessoas que permitimos que entrem na nossa vida, porque os oportunistas estão sempre de plantão, travestidos de ótimas pessoas, extremamente sedutores, mas na verdade ávidos por uma oportunidade, que tanto pode ser “dar o golpe do baú”, pedir um dinheiro emprestado (para não pagar) ou simplesmente baixar a sua autoestima para sentir-se melhor (já que eles se sentem uma titica).
O que eles querem não importa, no final é tudo a mesma coisa. O que importa é o estrago que eles fazem na nossa vida, que pode ser imenso. E às vezes sem remédio ou difícil de curar.


 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Constituição


De tudo há em mim

De paz e sensatez

De bruma e lodo.

Por vezes um deserto

É toda a imagem que se faz,

E passo os dias a migrar sob o calor das horas.

Noutros tempos sou inverno,

E deixo-me gear.

Então desperto

Pois minha alma tem verões também na algibeira;

Mas pobre é, falível, rude;

Semeia dor sob as palavras

Como esporas!


(Fernanda Dannemann)



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Frase do dia


“Não há nada mais caro na vida que a doença – e a estupidez”.

                                                                               (Sigmund Freud)

sábado, 6 de setembro de 2014

A magia de Kate Bush

Veja você o valor do talento: um clip que não tem nem um segundo de efeitos especiais e, no entanto, a gente não consegue tirar os olhos da tela...

Esta música fala do amor malsucedido entre os personagens do clássico inglês "O morro dos ventos uivantes", Heathcliff e Catherine. No caso, o espírito da moça pede perdão ao espírito do rapaz. A história é triste...

Kate Bush pisou no freio de sua carreira quando estava no auge e entrou para o imaginário dos fãs. Por seu talento, não é à toa que, 35 anos depois,  resolveu fazer uma rodada de shows e os ingressos se esgotaram em 15 minutos... se eu pudesse, também teria ido ver!



O Morro Dos Ventos Uivantes

Lá fora nas tempestuosas colinas
Nós girávamos e caíamos no gramado
Seu temperamento era como o meu ciúme
Ardente e ávido demais
Como você pôde me abandonar
Quando eu mais precisei te possuir?
Eu te odiei, eu te amei também

Pesadelos na noite
Você me dizia que eu iria perder essa luta
Deixar para trás meu morro, meu morro
Meu morro dos ventos uivantes

Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela

Oh, aqui é escuro e solitário
Deste outro lado, longe de você
Eu definho tanto, eu percebo que o destino
Fracassa sem você
Estou voltando, amor, cruel Heathcliff
Meu único sonho, meu único mestre

Há muito tempo eu vagueio pela noite
Estou voltando para o seu lado para consertar isto
Estou voltando para meu morro, meu morro
Meu morro dos ventos uivantes

Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela

Oh, me deixe possuí-la, deixe-me levar sua alma
Oh, me deixe possuí-la, deixe-me levar sua alma
Você sabe que sou eu, Cathy

Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio, deixe-me entrar por sua janela
Heathcliff, sou eu, Cathy, eu voltei para casa
Sinto tanto frio

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Eu não sou um caminhãozinho de lixo!


O cineasta Arnaldo Jabor conta que um dia estava num táxi e, diante de uma fechada que poderia ter resultado em um grave acidente, o motorista acenou calorosamente para o barbeiro, no outro carro. Surpreso, Jabor não aguentou:

-- Mas o cara quase mata a gente e você dá tchauzinho pra ele?

Ao que o outro respondeu:

-- Olha, meu senhor: o que mais existe por aí é quem jogue o que tem de pior em cima da gente. Pessoas que jogam seu lixo todo em cima da gente sem a menor cerimônia... mas eu não sou caminhão de lixo. Eu não recolho pra mim o lixo de ninguém!

Jabor gostou desta filosofia do homem e escreveu sobre ela. Eu também gostei, e estou aqui passando-a adiante porque é mesmo uma grande verdade.

Com quanta gente nos deparamos, infelizmente, que com avidez lança sobre nós o seu lixo interno, e nós, muitas vezes desatentos, acabamos fazendo o papel de caminhãozinho de lixo, engolindo a sujeira toda num gesto automático?

Os medíocres estão por toda parte. Os invejosos. Os infelizes. Os perdidos de si mesmos, verdadeiros andarilhos emocionais, gente que não suporta a felicidade pura e simples estampada no rosto de alguém. Gente que não aprendeu a ter coragem de expor-se e dizer o que pensa, a defender o que acredita. Gente que prefere fazer parte da manada a arriscar-se a ser diferente, e que devido à sua covardia, condena o diferente através da crítica, da fofoca, da calúnia. Gente que se sente inferior e alimenta o ódio por aquele que secretamente admira; e como não é capaz de um elogio, deixa-se levar pela agressão. Agredir é mais fácil que amar, afinal de contas... estamos no reino dos homens! Se estivéssemos no reino animal, com certeza a convivência seria mais fácil.

O desafio vai além de não nos permitirmos entrar para esta tribo nefasta dos infelizes, além de fazermos da nossa existência a melhor das nossas obras: toda atenção é pouca para que não nos transformemos em um caminhãozinho de lixo, pronto para recolher a imundície alheia, para engolir a violência do outro e envenenar nosso corpo e nossa alma, escurecer o dia, deixar a noite sem estrelas... é o desafio de não dar ao outro o poder de sujar a nossa vida.

Taí um exercício pra ser feito a todo instante: manter a alegria nas veias, correndo junto com o sangue. Não permitir um grãozinho só de sujeira alheia a macular a leveza da nossa alma. Parece fácil, mas não é... talvez o segredo seja fazer como o taxista lá de cima, e lembrar que não somos caminhõezinhos de lixo! Acho que tudo começa mesmo é com esta decisão.


Eu sou uma motoca!!!