quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Entrevista: Miriam Pontes de Farias e o bom da hipnose

Sabe quando você está muito entretido, vendo TV, lendo um livro ou prestando muita atenção enquanto alguém está falando? Você está, literalmente, hipnotizado! Como explica a psicóloga pós-graduada em hipnose clínica, Míriam Pontes de Farias, a hipnose, aquela técnica milenar cercada de mitos, é um santo remédio para as dores do corpo, da alma e até para quem tem medo do dentista!




 O que é hipnose e como ela funciona?

O estado hipnótico é alcançado sempre que concentramos a atenção em qualquer estímulo externo ou interno, podendo ser um som, uma imagem, uma sensação, o ritmo da respiração, um  aroma, um sabor, um  objeto. Focalizar a atenção nesses elementos dispersa os estímulos periféricos, o que propicia o transe hipnótico. Ou seja: o transe hipnótico pode ocorrer quando lemos uma revista ou jornal, assistimos um programa de TV, uma sessão de cinema, uma peça teatral, quando prestamos atenção a uma entrevista, a uma palestra, a uma aula ou até mesmo quando lemos um artigo sobre hipnose. Se observarmos bem, entramos em estado de hipnose em várias situações corriqueiras, várias vezes ao dia.

O que acontece com a mente durante uma sessão de hipnose?

É importante ressaltar que no estado de hipnose utilizado na psicoterapia, o paciente não perde a consciência. Trata-se de uma técnica na qual o paciente fica mais relaxado e receptivo à voz do hipnólogo. É um estado intermediário entre sono e vigília.
Na hipnose clínica, a palavra é o instrumento de trabalho do psicoterapeuta, sendo considerada o mais importante estímulo, através do qual conseguimos diminuir a freqüência das ondas cerebrais. Isso possibilita ao paciente entrar em estado alfa, quando o organismo aumenta a produção de dopamina e serotonina, substâncias que causam sensação de relaxamento, bem-estar e prazer. Nesse estado, o paciente fica mais receptivo às induções e intervenções do hipnólogo.

 A hipnose é indicada para tratar os mais diferentes tipos de problemas, da dificuldade de falar em público ao estresse, dos traumas à síndrome do pânico, da dificuldade de raciocínio à dificuldade de relacionamentos. Por que esta técnica é tão abrangente? Como ela atua?

A hipnose é uma técnica psicofisiológica: o paciente tem as sensações de bem-estar e relaxamento primeiro na mente, e depois no corpo. No transe hipnótico há uma inibição do córtex cerebral, e quando isso acontece, o centro auditivo é ativado e vai diretamente ao sistema límbico, responsável pelas emoções, e ao hipotalâmico, principal receptor das emoções. Uma vantagem da hipnose é que  ela tem uma elasticidade muito grande, podendo ser aplicada a diversos tipos de pacientes e vários tipos de situações. E é também uma técnica personalizada, ou seja, específica para cada paciente com sua vivência e sua história.

 De que forma a hipnose potencializa um tratamento psiquiátrico para curar, por exemplo, fobias, TOC, bipolaridade?

Tanto os quadros fóbicos quanto os de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) são transtornos de ansiedade, e a hipnose é uma técnica bem indicada nesses casos. As técnicas de hipnose potencializam o tratamento porque tratam o foco do problema. À medida que o paciente vai melhorando dos sintomas, o próprio psiquiatra vai fazendo o desmame da medicação. A hipnose não é indicada nos casos de bipolaridade, pois este é classificado como um quadro psicótico.

 A hipnose é uma alternativa também para o tratamento de dores crônicas, como a enxaqueca. Como ela "desliga" o fator que provoca a dor crônica?

É importante ressaltar que toda dor tem um fator emocional presente, e cada experiência de dor é sentida por cada pessoa de forma singular.  Quando o paciente aparece no consultório com uma dor, seja ela qual for, é necessário que seja feita uma avaliação médica para saber qual é a origem dessa dor, pois não se trata a dor sem um diagnóstico médico. Dor é sinal de que alguma coisa não está bem. Depois que tivermos um diagnóstico fechado, aí sim podemos tratar a dor. A enxaqueca, por exemplo, deve ser investigada, pois existem vários tipos: a enxaqueca menstrual, a enxaqueca por alimentação, a enxaqueca tensional ou a enxaqueca orgânica, que é oriunda do sistema nervoso central, e é neurológica. Não há um desligamento do fator que provoca a dor, há uma diminuição na sua intensidade. Através dos comandos hipnóticos pode-se criar técnicas de distração e, desta forma,  alterar o foco. Mas se o fator predominante for emocional, à medida que a intensidade for diminuindo, pode-se chegar a eliminá-la.

 Quanto tempo dura o tratamento? Todas as pessoas são "hipnotizáveis"? Ou algumas são mais suscetíveis que as outras?

O tempo do tratamento vai depender de paciente para paciente, e os pacientes mais suscetíveis respondem mais rápido ao tratamento. De modo geral, 80% da população são hipnotizáveis, o que caracteriza um índice bastante favorável ao tratamento. Cerca de 10% são muito hipnotizáveis, e os outros 10% não são hipnotizáveis: nestes casos, existe um treinamento para condicionar o paciente ao tratamento.

 Há algum tipo de contra-indicação?

Pacientes que apresentem Alzheimer e Parkinson, além de quadros psiquiátricos graves, esquizofrênicos e psicóticos.

Como escolher um bom profissional para um tratamento?

Apesar de ser uma prática milenar, apenas em 20/08/99, através do Parecer nº 42/99 do Conselho Federal de Medicina é que foi aprovada como prática médica. A partir de então ficou estabelecido que somente médicos, psicólogos, fisioterapeutas e dentistas podem fazer uso dos recursos da hipnose. A hipnose é, na verdade, uma terapia feita sob medida, focal e rápida, se comparada às psicoterapias convencionais, e que conta com o respaldo dos conselhos Federais de Medicina, Psicologia, fisioterapia e Odontologia.
É recomendado que, para se realizar um tratamento, o profissional tenha formação em uma das áreas acima citadas, e que além disso tenha um curso de habilitação ou especialização em hipnose clínica. A escolha de um profissional pode acontecer através de uma boa indicação. Procure saber também qual é a formação deste profissional, certifique-se se ele é qualificado ou não.

A hipnose é melhor ou mais indicada para o tratamento de estresse e ansiedade do que tomar remédios? Por quê?

Se pensarmos na ansiedade como uma condição humana e necessária à nossa existência, a ansiedade como a força-motriz que nos faz produzir, criar ou realizar coisas, como o movimento pela vida, concluiremos que a pessoa ansiosa, de modo geral, é também realizadora! No entanto, quando a ansiedade está além da conta, é necessário buscar ajuda profissional. Muitas vezes a ansiedade pode ser controlada somente com a hipnose, mas nos casos mais graves é necessário o acompanhamento de um psiquiatra e o uso de  medicação pode ser benéfico. Há diversos graus de ansiedade: em grau severo, a medicação é necessária porque o paciente sofre de alteração bioquímica e somente a hipnose não resolve: o tratamento concomitante é mais eficaz.

Quais os problemas que mais levam as pessoas a buscar a hipnose?

A hipnose trata muito bem os males da atualidade, e as principais indicações são nos quadros de depressão, ansiedades, fobias, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, tiques, obesidade, tabagismo, dificuldade de aprendizado, transtornos do sono. Além disso, recomenda-se o emprego da hipnose para tratar baixa autoestima, compulsões, estresse, tartamudez (gagueira), doenças psicossomáticas e dores de uma forma geral, sobretudo enxaquecas. Também auxilia pessoas sadias que desejam mudar sua maneira de agir para melhorar seus desempenhos sociais, profissionais ou de relacionamentos, e até mesmo os candidatos submetidos a provas e concursos.

As dúvidas mais comuns que as pessoas têm:


·        A hipnose não acontece por força ou poder do hipnotizador, e sim pela aceitação e interação da pessoa que entra em transe e deseja ser hipnotizada

·        A hipnose não é para “pessoas de mente fraca”: em tese, qualquer um pode ser hipnotizado

·        O hipnotizador não controla os desejos do paciente: a mente inconsciente é amiga e nos protege. Desta forma, ninguém faz o que não quer, mesmo estando hipnotizado

·        A hipnose não faz mal, desde que aplicada por pessoas preparadas e bem-intencionadas

·        A hipnose não causa dependência

·        A pessoa não fica “presa” no transe nem corre o risco de não acordar; caso o hipnotizador pare de falar, duas coisas podem acontecer: o paciente despertar ou dormir e despertar um tempo depois

·        Hipnose não é regressão

·        A hipnose de consultório, utilizada como ferramenta terapêutica, é diferente daquela usada por mágicos, no palco

·        Estar em transe não significa estar inconsciente, ao contrário: significa estar muito mais atento ao que se passa dentro e fora de si

·        A pessoa hipnotizada não revela seus segredos nem fica à mercê do hipnotizador

 
 

4 comentários:

  1. Bem interessante mas, como não entendi bem...gostaria de esclarecer esta dúvida advinda de duas afirmações conflitantes, se não estou equivocado:
    a) " em tese, qualquer um pode ser hipnotizado"
    b?" De modo geral, 80% da população são hipnotizáveis, o que caracteriza um índice bastante favorável ao tratamento. Cerca de 10% são muito hipnotizáveis, e os outros 10% não são hipnotizáveis". Qual a afirmação correta???
    Santé e axé!

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  2. Todas, me caríssimo! Todas estão corretas! Em tese todas as pessoas são hipnotizáveis, o que faz da hipnose um tratamento muito favorável, já que a grande maioria das pessoas, (80%) responde bem. Outros 10% respondem SUPER BEM. Os 10% restantes não são hipnotizáveis... mas há técnicas que podem deixa-las suscetíveis. Óquei?????

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  3. Oi Fernanda!!! Como são as coisas não?! Achei que pra despejar tuas lamurias contra o RJ, criaste um blog. Pensei que tivesse parado por aí. Poxa, pensei: é apenas uma frustrada que generaliza todos com sua visão deturpada, coloca todos em um bloco só. E qual não foi minha surpresa quando esbarrei, novamente, com você "rasgando elogios" ao RJ. Entre tantas, destaco uma que me enoja: Que o carioca é malandro. Pois é, criamos, patenteamos e egoisticamente não distribuídos a malandragem com o resto do Brasil. Apenas nós, os cariocas, possuímos esta "qualidade". Acho que se você fosse sincera e correta, que creio não é, veria que você encontra este tipo de atitude pelo Brasil afora, e pasme, até nas cidades pequenas. Não é uma característica brasileira, é nossa e pronto. Fico profundamente entristecida em ver que você suporta forçadamente o convívio com este tipo de atitude. OH céus!!! libertem esta moça para que ela possa voltar a morar em lugares mais aprazíveis. Que tortura humilhante milhares de cariocas, diariamente, te fazem agüentar. Não é "nobre" senhora? Fuja enquanto é tempo. O que te prende numa cidade que você não consegue enxergar nada de bom? Que ridiculariza o fato dela comemorar o seu aniversário? Ficaria espantada que tenhas feito amizades com este tipo de gente abjeta, que nojo, não? Não tentaram surrupiar tua carteira? Era isso que eu e todos da minha família de malandros faríamos. Sem contar os muitos cariocas que conheço. Todos vivendo exclusivamente na arte da malandragem. Né não?Logo você? Uma pessoa desprovida de sentimento mesquinhos e irracionais, e de uma "imparcialidadeeeeeee" pensando isso? E externando em um outro blog, que autor cita casos do Brasil INTEIRO? AH Mineira!!!, acho MG muito melhor e evoluída moralmente, afinal foi de lá que você saiu, não? Volte pra lá. O RJ te contaminará e minguará todos as tuas virtudes (será que possui?). No RJ e tão somente no RJ, você encontrará? (Reforço, só no RJ) Lixo nas ruas, pessoas mal educadas, mendigos, favelas, e o que mais? A tão falada malandragem , homens abusados e blá blá blá. O RJ detém tudo de ruim, e é o mais pérfido que existe no Brasil, no restante dá uma alegria danada em não ver nada disso, sqn.
    PS: A outra postagem que você não publicou, não insiti porque não pensei que o caso fosse sério, mas pelo jeito deves ter pesadelos com o RJ, pois andas despejando os mesmo preconceitos por aí. Tomaras que não tenhas emprego publico , ou almeje cargo político. Ficaria fácil te desmascarar. Conselho: faças as malas, o RJ te deixou azeda. E não me importo se não publicar este novo comentário. Sei que muitos gostam de criticar, mas são totalmente avessos quando há a replica ou a divergências de opiniões. Que no teu caso é somente preconceito puro e latente. Faço fé que consiga morar em outro local.

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    1. Iene, kkkkkkkkk!!!!!! você realmente me diverte! Olha, fofa, eu não publiquei o seu outro comentário por uma razão só: ele estava agressivo querida. Comentário agressivo eu não publico, tá?

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