sexta-feira, 29 de julho de 2011

Alma Lavada lança MBA

Eu já sabia da indústria do concurso público, mas agora conheci o “admirável mundo novo” dos cursos e das certificações.

Explico: aos 40 e poucos, resolvi turbinar minha carreira, mudar de profissão e, acima de tudo, reciclar minhas competências e meu currículo. Já gastei uma nota preta e acabei incluindo em meu vocabulário palavras como estas... “reciclar”, “competências” e “corporativo”... mas fico me perguntando até onde meu investimento em cursos, formações e workshops estarão mesmo valendo a pena.

Sou uma aluna chata... popular entre os colegas, mas odiada pelos professores, e a razão é simples: gosto de aprender, principalmente quando a escola cobra caro pelo que promete ensinar.

Lamentavelmente, não é sempre que as instituições entregam o que vendem, e embora a maioria dos colegas não se queixe (muito pelo contrário), com freqüência tenho me sentido ludibriada pelos setores de marketing e de vendas das ditas “sociedades”, “institutos”, “fundações” e etc, que vendem formação mas entregam sonhos, como tão bem avaliou minha amiga Carla, grande conhecedora deste universo e minha colega de “classe”.

E já que os profissionais estão tão ávidos por certificados, e ficam de queixo caído diante de técnicas simplérrimas da psicologia, muitas vezes aplicadas sem nenhum cuidado... já que um mero teste de personalidade pode ser visto quase como mágica por pessoas que pouco sabem de si mesmas... já que o talento para a oratória pode mesmo fazer milagres e incendiar a auto-estima e a força de vontade das platéias... estou começando a achar que o negócio é entrar nesse mercado como concorrente, e não como aprendiz: ando pensando em criar o INSTITUTO DANNEMANN DE CONHECIMENTO SINÉRGICO E AVANÇO INTERPESSOAL!

O que significa este nome? Não tenho a menor idéia, mas isso não importa nadíssima: se já aprendi alguma coisa nos meus cursos, é que o nome do produto deve ser imponente, de modo a impressionar a clientela e convencer a respeito de seu próprio valor.

Já imagino a propaganda: Entre para o mundo da sinergia total! Seja um Super Champion e lidere vencedores!

Ou: O mundo pertence aos sinérgicos! Seja um multiplicador da metodologia campeã dos líderes mais bem-pagos dos países ricos!

E que tal os cursos? Módulo 1 e 2 do “Planejamento Executivo e Qualitativo da Esfera Global”... ou “Treinamento Subsequencial em Sinergia Mobilizadora”... e o que dizer do intensivo, em julho do ano que vem, mas já à venda, que será o “Ultra Sinergic Power para Formadores de Equipes Vendedoras”? E o que dizer do MBA Sinérgico-Executivo?

Hein? Será que levo jeito para subir num palanque e encarnar o Tim Tones, aquele impagável personagem do Chico Anysio na TV, e ficar rica no mundo maravilhoso dos “especialistas mais bem-sucedidos do mercado”? Mas a grande questão é: será que tenho cara-de-pau para tanto?

Enquanto decido, vou correndo patentear minhas idéias, antes que algum “consultor” passe por aqui e pegue carona na minha indignação...



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4 comentários:

  1. São momentos existenciais em que a gente pensa que pode rever conceitos e descobre de modo tão cristalino nossa alma, que simplesmente parece uma mentira o que construímos. Há muitos anos eu disse pra um casamento: __Você acabou! Senti um súbito quando ela começou a trabalhar num desses bancos burocráticos e cheios de regalias. Hoje, quando raramente falo com ela, cheia de benesses, sinto o quanto somos distantes e a importância da minha alma que sempre me conduziu pelo caminho certo... pra mim e, longe, muito longe daquela outra alma entorpecida e desassuntada, esquecida de quanto éramos alegres e construtores. Eu continuo podendo dissertar sobre qualquer coisa pelo tempo que quiser, distante das burocracias, passeando à vontade pelo cinza do meu cérebro e certo de que a saudade anda muito mais por lá do que por cá. Havia sintonia sim, mas foi interrompida e o tempo se encarregou de provar que a química da vida não é escolha nossa, que não devemos subir contra a correnteza de um rio que não é o nosso rio. Nada é mais ridículo do que "sonho de consumo", frase inacabada, industrial, criada justamente por esses frenéticos comedores de micro ondas estáticos,... insossos do alpinismo social, com seus ternos mal talhados e impróprios. Ingleses, conhecedores do perfil de um terno, viram logo que no Brasil, o caso era pra bermudas. Sempre tive uma autoridade "macia" com as minhas filhas e de proibi-las, com sutilezas e... Dado a minha experiência em saber o que é ruim, te proíbo também.

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  2. Alfredo, esta sua proibição me fez lembrar das proibições carinhosas da minha mãe! beijão!

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  3. É minha querida... O pior de tudo é vc ver que alguém com grana para pagar esses títulos, mas com dotado de uma pseudointeligência, consegue ocupar posições de destaque no mercado. Por isso me considero o supra-sumo do sucesso, embora seja "índio" e não "cacique" no mundo corporativo... rs.

    Aline Cleo Rodrigues

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  4. Mauro Pires de Amorim.
    Sou advogado, profissional autônomo ou profissional liberal, portanto não tenho patrão, já que resolví enfrentar o mercado por conta própria.
    Me graduei em direito em dezembro de 1990 e o passo seguinte, seria a obtenção do registro na OAB/RJ, por intermédio da realização do Exame de Ordem, já que existe muita pouca coisa que um bacharéu em direito possa fazer na área jurídica, ficando somente com o título de bacharelado. Ocorre que a OAB exige como pré- requisito para a obtenção da inscrição defeinitiva como advogado, a realização e comprovação de 2 anos ou 4 semestres letivos de estágio forense, coisa que eu realizava desde o 8º período de faculdade e na época do 10º período ou da minha formatura, já estava em andamento desde a metade do ano de 1989 e seria concluído na metade do ano de 1991. Com isso, eu somente poderia fazer o exame de aferição para ingresso na OAB, somente após essa data. Enfim, essa era a exigência do sistema e se eu quisesse ficar nele, teria que cumpri-la. Como em dezembro de 1990 esse sistema para ingresso na OAB era novo, pois havia sido implementado muito recentemente, não haviam cursos preparatórios para tal concurso, com isso, tive que estudar sozinho, me orientando pelo programa das provas disponibilizado pela OAB/RJ e portanto, julguei que na metade do ano de 1991, portanto 1 semestre após minha formatura como bacharéu em direito, era pouco tempo para a preparação e estudo, com isso resolví fazer o exame da OAB, somente no início do ano de 1992, tendo eu todo ano de 1991 para me concentrar em terminar meu estágio forense obrigatório e estudar para o exame da OAB. Obtive sucesso em meu planejamento.
    Posteriormente, na metade do ano de 1995, apesar do sucesso do Plano Real, o mercado brasileiro continuava retraído, basicamente com as mesmas características dos anos de recessão e inflação, notadamente o final da década de 80 e início da década de 90 e os negócios para um profissional autônomo ou liberal não estavam tão promissores, havendo muito trabalho, mas pouco dinheiro. Então resolví expandir meus horizontes profissionais e acadêmicos, fazendo pós-graduação em direito, mas na área de concentração envolvendo o direito, a economia e a administração. Foram 2 anos mais de estudo e dedicação numa universidade privada, que caso eu não tivesse passado muito bem classificado no exame de aferição e aceitação para ingresso no de mestrado, não teria direito a bolsa de estudos e pesquisa no convênio dessa universidade com a CAPES/CNPQ, pois eu não teria condições financeiras próprias de arcar com os custos do curso.
    Acredito que meu empenho em contruir uma carreira profissional valeu o esforço, embora hoje, profissionalmente e financeiramente, nada seja um mar de rosas, mas adquirí alguma estabilidade, embora eu não tenha certeza se isso ocorreu em virtude do reconhecimento do mercado por minha qualificação profissional, ou se ocorreu em virtude da abertura e confiança do mercado interno brasileiro com o crescimento econômico estável ocorrido no final da década de 90 e início da decada de 2000. Mas enfim, como diz Fernando Pessoa, "Navegar é preciso, viver não é preciso", no sentido de precisão, exatidão e não no sentido de necessidade e certamente, ainda citando o autor português, "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena", com isso, penso que temos que ter nossos sonhos e de posse deles, objetivar e planejar as metas para que os alcancemos e para que eles se materializem no mundo real e deixem de ser sonhos para tornarem-se realidade.
    Felicidades e boas energias.

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